2007

CARTAZES QUE CONTAM A HISTÓRIA

Janeiro começou com tudo! Ignite logo no primeiro show, depois Matanza, Carbona e terminando com dois dias New Skate Summer Tour, com Sugar Kane, Cueio Limão, Rancore, Garage Fuzz  e mais 4 bandas. Sensacional!

Ano em que teve The Meteors, Napalm Death, The Casualties, Bruce Kulick do Kiss e Madball, precisa falar mais?

Tudo corria, se não fosse um pequeno detalhe. O mês era setembro, bem na semana da IV edição do festival Setembro Negro, produzido pela Tumba Recs, com as bandas Gorgoroth, Belphegor, Darkest Hate Warfront, Tortharry. Nessa época, a cidade estava sob uma lei muito rigorosa a “Lei cidade limpa”, onde cartazes não podiam mais serem colocados na ruas. Mas ai, alguma banda nova no ímpeto de fazer uma divulgação excepcional, espalhou cartazes por toda a cidade. Não demorou muito, ou melhor, dois dias depois a fiscalização baixou no Hangar e nos interditou.

Foi terrível por conta dos cancelamentos de shows, mas se te derem um limão faça uma limonada e foi isso que fizemos.  Adequamos a empresa às normas vigentes, regularizamos todas as pendências e voltamos com força total.

Todo esse processo teve suas perdas e a mais sentida foi a retirada da mini-ramp. Por ali muita gente boa deu seus frontside, blunt e backside. Os mais assíduos Narina e Luciano Pt, mas por lá passaram Mineirinho, Zik Zira e até mesmo Bob Burnquist. No final, a mini-ramp ficou com o PT, nada mais justo.

Existem momentos na vida que são guardados com muito carinho e esse que vamos narrar é um desses momentos. Depois de alguns anos que o Hangar abriu, coisa de 3 ou 4 anos, a molecada que estava começando com banda tinha no Hangar seu porto seguro, talvez pelo CPM22 ter assinado com a gravadora e sempre falar bem do Hangar em entrevistas, o que nos ajudou demais.

“Muita gente colava lá durante a semana para trocar idéia, Mi do Millidux (depois Glória), Diego do Arrebol (depois NX Zero), era legal porque a gente passava a compartilhar os sonhos da garotada, sonho de ter uma banda e viver disso. Com o tempo, um laço de amizade com essa nova geração foi se consolidando, cada show que lotava a gente vibrava junto com a banda porque sabia que estavam no caminho certo”.

Ficamos interditados por exatos 31 dias e o primeiro show da volta, foi do NX Zero.  A banda já tinha assinado com uma grande gravadora, mas isso não interferiu em fazerem show no Hangar, bem como o CPM22, Dead Fish, Hateen, Fresno e outras bandas que experimentaram o mainstream, mas sempre que possível retornaram ao nosso palco.

Pois bem, era quinta feira, NX Zero, Gloria, Seks Collin, FallDawn e Enjoy, casa cheia, o melhor clima possível para reabrir. Tudo correu dentro da normalidade. Shows acabaram, o público já tinha ido embora e só alguns fãs ficaram para pegar o último autógrafo e registrar uma foto.

Desde o começo optamos em dividir bilheteria porque acreditamos que seja a maneira mais justa para ambos os lados, casa e artista. E nesse dia não foi diferente, borderô em mãos, acerto com o produtor que era o Ricardinho.

“Foi quando o Ricardinho me chamou e disse que a banda queria falar comigo. Pensei, será que fiz a conta errada? A banda estava reunida no camarim, entrei meio sem jeito, pensei, errei a conta e antes de qualquer coisa os caras falaram, não queremos o cachê dessa vez.

Até hoje me arrepia lembrar desse momento, porque foi um período difícil e aquela grana ia ajudar muito. Isso provou que existia amizade, e não era só negocio.”